“A moda é moda desde que o mundo é mundo?”

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“A moda é moda desde que o mundo é mundo?”
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Com essa pergunta a professora de História da Moda, Brígida Cruz (foto), iniciou o workshop do mesmo assunto no Senac Campinas, durante o evento Tempo & Criação, na última quarta-feira (24/09/14). Graduada e mestra em História pela UNESP, com ampla formação e experiência em pesquisa criativa de moda, docente da graduação em Moda da ESAMC (Campinas), do SENAC/SP e Escola São Paulo, Brígida responde a própria pergunta: não! A moda não existe desde que o mundo é mundo.
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Antes de existir moda as pessoas usavam roupas para se proteger do frio, do sol, enfim, das intempéries climáticas. Com o advento do Cristianismo o homem passou a se vestir por três motivos: hierarquia, pudor e questões morais. A moda surge no Renascimento, especialmente depois que as pessoas passaram a viver nas cidades. Antes do Renascimento não havia o individualismo, as pessoas se identificavam apenas com grupos. Nesse momento a moda aplica-se apenas para quem era da nobreza. Além disso, haviam as leis suntuárias, que limitava o tipo de vestimenta de acordo com a classe social.
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Com a Revolução Industrial no final do século XVIII a burguesia passa a ditar a moda. No século XIX a moda passou a ser sinônimo de mulher, uma vez que o homem está dedicado ao trabalho, por isso usa-se roupas mais sérias e sóbrias.

O filme Orgulho e Preconceito (2005) retrata muito bem esse período.
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A partir dos anos 1920 as pessoas se vestem da mesma forma: a cintura desce e os vestidos não revelam mais o corpo da mulher. A silhueta passa a ser reta ou tubular. O padrão de beleza a partir daí é a mulher jovem (desde então nunca mais mudou) especialmente porque a jovem ainda não tem formas definidas, mas mesmo assim ela é mais autoconfiante que as mulheres das décadas passadas e, pela primeira vez na história, tem os cabelos curtos. Além disso, a mulher dessa década não priorizava o casamento.
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No anos 1930, a área erógena da mulher passa a ser as costas. A cintura que antes era mais baixa, agora volta ao seu local de forma mais feminina. As mulheres sempre estavam de penteado, mesmo sendo essa década um período de recessão e conservadorismo. É a época do conjuntinho e das peças sempre coordenando umas com as outras.
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Filmes da época: E o Vento Levou (1939) e Grand Hotel (1932).
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A década de 1940 é o período entre a 2ª Guerra Mundial e seu término. O uso de turbante nesse período foi uma alternativa das mulheres por causa da economia de energia, já que não podiam lavar e secar seus cabelos. Novamente as mulheres passam a fazer os trabalhos dos homens pois ou estavam em guerra ou haviam morrido. Nesse momento surgem os sapatos plataformas, o ombro estruturado, a cintura marcada, a saia lápis, mas tudo de uma forma austera. É com a experiência da guerra que os Estados Unidos criam as roupas prontas para uso (ready-to-wear) e passam a produzi-las em série.
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Filme da época: Casablanca (1942), estrelado pelo ícone de beleza Ingrid Bergman.
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Já na década de 1950 acontece o retorno da mulher para o posto de dona de casa perfeita. É um momento de prosperidade pós guerra e modelo de vida americano. Início do consumismo. É a vez da saia ampla de cintura marcada. É nesse momento que surge a moda específica para adolescentes graças a James Dean e sua “Juventude Transviada” (filme 1955).
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Filmes da época: E Deus Criou a Mulher (1956) e o filme Histórias Cruzadas (The Help, 2011 ).Os anos 60 são a década da revolução jovem, pois eles querem mudar o mundo. Surge a minissaia e a calça cigarrete como ideia de liberdade. Twiggy é o ícone de beleza do período, com cílios postiços e o resto do rosto natural (cara de boneca). É nessa década que a magreza passa a ser considerada sinônimo de beleza.
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Filmes da época: Breakfast at Tiffany`s (1961) e Psicose (1960).

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Nos anos 1970 dá-se o início do movimento Hippie e dos Embalos de Sábado à noite. Nessa década o homem “ganha o direito” de se ornamentar novamente com as calças bocas de sino e roupas coloridas. Dancyn´Days foi uma novela que ditou moda no Brasil nessa época.
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Filmes da época: Os Embalos de Sábado à Noite (1977) e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977).
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1980 é a década da lycra, do conjuntinho, da mulher sensual que tem seu corpo marcado pelas roupas justas e coloridas. Mas nem só de roupas justinhas vivia a moda, as modelagens amplas e exageradas também marcaram presença, além da ombreira que surge pela primeira vez na história.
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Filmes da época: Curtindo a Vida Adoidado (1986), Os Gonnies (1985) e Quero Ser Grande (1988).

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1990 é a vez da cara limpa, cabelo natural, jeans + camiseta e cores sóbrias. O movimento Grunge que surgiu em Seatle nos Estados Unidos também influenciou a moda nessa década. Bandas como Pearl Jam, Nirvana, Stone Temple Pilots, Sound Garden, Silverchair dentre outras ditavam a moda para os jovens.

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Filmes da época: Uma Linda Mulher (1990) e Ghost (1990).
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