O retorno dos manequins: tendências em uso e design

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Os manequins evoluíram tanto quanto as roupas para quem servem de suporte, incorporando as tendências e influências artísticas de década após década. Na Ralph Pucci International, umas das galerias de exposição de arte e design mais requisitadas da atualidade, não importa o quão radical a forma ou a cor que um manequim possa ter, o processo sempre começa de uma maneira tradicional: com uma ideia e um pouco de argila – veja o video no final do artigo.
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Podemos dizer que estes são tempos estressantes para um manequim! Afinal, eles estão sob pressão para
fazer de tudo um pouco – serem mais glamorosos, mais atléticos, mais bonitos e vender. Mesmo manequins masculinos são obrigados a serem mais flexíveis e mais reais. Os manequins tem sido a última estratégia para estimular a compra por impulso nas lojas físicas, frente à crescente concorrência do e-commerce.
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Alguns dos incríveis – e realísticos – manequins da marca Rootstein.

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Alguns manequins masculinos da Bergdorf Goodman, por exemplo, têm tatuagens, outros têm duas
mãos esquerdas, tudo para atrair a atenção dos consumidores. Manequins que chegaram à Uniqlo no final de março são completamente transparentes. Na Madison Avenue, carro-chefe da marca Intermix, vemos manequins em poses casuais e despojadas.
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Depois de cerca de três décadas durante as quais era normal expor manequins sem cabeça ou sem rosto, algumas marcas de luxo, incluindo a Ralph Lauren, estão resgatando as características faciais, maquiagem e perucas. Na Christian Dior os olhos, lábios e unhas dos manequins são magnéticos para torná-los mais flexíveis nas mudanças, assim refletindo melhor a essência das coleções, como a mais recente coleção de maquiagens da marca.
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Àqueles que ainda não usam manequins em suas lojas nos EUA estão em fase de testes para confirmar se esse recurso pode estimular os consumidores mais apressados a comprarem mais sem a necessidade de passar pelos provadores. A marca Target experimentou manequins em uma loja piloto próximo a sua sede em Minneapolis, em janeiro desse ano. Agora eles planejam expandir o teste bem-sucedido para as 50 maiores lojas da rede de 1.800 unidades até o verão, disse Joshua Thomas, porta-voz da empresa.
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Marcas como a Target rendem-se aos benefícios comerciais dos manequins.
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Alguns consumidores “estão à procura de um pouco mais de ajuda com ‘o como realmente posso fazer isso?'”, disse Thomas, se referindo as coordenações de looks e compras cada vez mais rápidas. A Target também está considerando que clientes apressados ou pouco pacientes precisam otimizar seu tempo dentro de lojas muito grandes. “Se ela [cliente] precisa de uma nova e bonita roupa para vestir para ir à um piquenique no sábado e terá apenas 10 minutos para escolher, logo [os manequins vão] ajudá-la a identificar itens e inspirá-la a economizar tempo”.
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Em março, a Iconeme, marca recém fundada por dois veteranos da indústria de manequins, lançaram uma tecnologia que transmite informações dos manequins para o smartphone do consumidor ao fazer compras ou passar por uma vitrine. Esses dados podem incluir os preços, onde os itens podem ser encontrados dentro das lojas ou links para o site do varejista.
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Mais marcas estão misturando diferentes tipos de manequins, em vez de usar o mesmo estilo em toda a loja. “Você está vendo cada vez mais varejistas fazerem uma combinação de abstrato e real”, disse Ken Nisch, presidente da JGA, uma empresa de design de varejo e estratégia de marca.
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O terceiro andar da loja masculina da Bergdorf Goodman, chamado de Goodman, é um cenário perfeito de manequins de diferentes épocas e em diferentes estilos, disse Shane Ruth, diretora de Visual Merchandising Masculino da marca. Uma investida alta nos consumidores! Mais tatuagens, barba, rugas e linhas de expressão. A mistura de manequins e suas peculiaridades “fazem com que as roupas pareçam ainda mais interessantes”, disse Ruth.
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Os primeiros manequins usados no varejo remetem ao final de 1800, de acordo com Marsha Bentley Hale, uma historiadora de manequins que ministra aulas sobre o tema em universidades e museus. As cabeças eram de papel machê ou cera, os olhos de vidro e os corpos feitos de materiais como vime e cera, e depois, de plástico. Seu uso cresceu junto com a ascensão das vitrines em 1900.
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No final de 1940, manequins de fibra de vidro – mais duráveis – começaram a substituir os de plásticoe permitiram detalhes mais nítidos. Nos anos 1980 e 1990, manequins sem rosto e sem cabeça se tornaram mais comuns. Um fator determinante para isso foi o custo: eles não necessitam de cuidados quanto ao cabelo e maquiagem, além de sua estética desatualizar mais lentamente.
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Manequins femininos são geralmente do tamanho 38. Adel Rootstein, uma empresa de design de manequins, tem produzido cada vez mais manequins maiores. “Nós fizemos muito mais manequins cheios de curvas ao longo dos últimos anos e coleções”, disse Kevin Arpino, diretor de criação. “As roupas de hoje não tem muito apelo de cabide. Você precisa de um corpo dentro para dar-lhe forma e mostrar o corte.”
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Os manequins têm refletido o padrão real do corpo das mulheres.
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A fibra de vidro branca continua sendo a cor e o material mais populares. A Uniqlo, de propriedade de Fast Retailing Co, tem usado manequins diferentes para uma nova linha em sua loja da Quinta Avenida, em Manhattan. A maioria dos manequins na loja, assim como as outras duas em Nova York, é translúcida e brilha quando a luz os toca, disse Jonathan Berlin, presidente da Universal Display, a empresa britânica que os projetou.
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Alguns dos novos manequins da Intermix, varejista de moda de propriedade da Gap posam como modelos de passarela. “Nossos antigos manequins tinha poses mais padrão”, disse Cynthia Mollica, Diretora Criativa, Estilo e Visual Merchandising da marca. Outros foram inspirados pela forma como as pessoas reais param para uma foto, com as mãos nos bolsos ou braços cruzados.
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Manequins na Intermix com poses de passarela e despojados.

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Os manequins da Athleta, marca de vestuário feminina também de propriedade da Gap, estão em poses de atividade e alongamento (veja imagem abaixo). Os manequins são moldados com base nos corpos de modelos reais da marca, que também são atletas na vida real. Estes manequins “retratam com mais precisão o nosso cliente”, disse Tess Roering, vice-presidente de marketing e criatividade.
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A marca Macy Inc. está mostrando o que chama de manequins virtuais. Telas transmitem vídeos gravados mudando de aparência frequentemente no ponto de venda (veja o vídeo abaixo). O varejista começou a testar esses “manequins virtuais”, desenvolvido pela Creative Realities LLC, no verão passado nos departamentos de sete lojas. As imagens são “mais educativas do que um manequim tradicional, e podem ser mudadas em poucas semanas”, diz James Bellante, vice-presidente sênior de Visual Merchandising da Macy.
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Alguns designers e fabricantes baseiam suas esculturas de manequins em modelos, atores ou pessoas reais das ruas. A legendária modelo Twiggy e Pat Cleveland, entre outros, posaram para a fabricante Rootstein. Já a Ralph Pucci tem um manequim de Christy Turlington. As coleções, por vezes, são nomeadas após essas parcerias e os varejistas vão requisitar um estilo de manequim igual ou próximo a proposta.
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Manequim inspirado na atriz Christy Turlington pela Ralph Pucci

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Nesse vídeo você conhecerá o processo produtivo e criativo da aclamada Ralph Pucci International. Opção de legenda em espanhol.

Texto de Ray A. Smith para editoria Moda do “The Wall Street Journal”

Tradução, adaptação e complementação de Eduardo Vilas Bôas

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